SE EU TE PUDESSE DIZER...O QUE NUNCA TE DIREI,TU TERIAS QUE ENTENDER,AQUILO QUE NEM EU SEI.(Fernando Pessoa)

quarta-feira, 28 de maio de 2008

O VAZIO

Ela olha em volta e apenas o vazio, todos os rostos lhe parecem disformes, sombras confusas e desumanizadas. Será que pertence a outra dimensão? Quão ténue lhe parece no vácuo da existência a linha constantemente redimensionada entre esta insanidade e aquela sanidade. Em redor...olha... em quem confiar? Onde estão os valores, as concretizações das quimeras...Sim!! Tudo talvez não passe de exíguas quimeras, distorcidas e contestatárias visualizações, constantemente condenadas à inverosimelhança. O ser humano? Às vezes domina-a o repudio pelos seus congéneres, pelas atitudes, pelo descrédito.Onde existe a pureza, a candura num rosto humano? No meio da multidão deseja a solidão, a única que lhe dá respostas, porque quando ela apenas diz: "Precisava de um favor." Alguém responde..."Desde que não seja dinheiro...". Não, não é o vil metal. Para ela neste momento da existência isso tornou-se supérfluo como valor do pensamento...aquilo que ela procura, parece não vislumbrar nas formas que a contornam...Um desejo de nirvana, então...


NIRVANA
Para além do Universo luminoso,
Cheio de formas, de rumor, de lida,
De forças, de desejos e de vida,
Abre-se como um vácuo tenebroso.
A onda desse mar tumultuoso
Vem ali expirar, esmaecida...
Numa imobilidade indefinida
Termina ali o ser, inerte, ocioso...
E quando o pensamento, assim absorto,
Emerge a custo desse mundo morto
E torna a olhar as coisas naturais,
A bela luz da vida, ampla, infinita,
Só vê com tédio, em tudo quanto fita,
A ilusão e o vazio universais.

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