"As paixões são todas boas por natureza e nós apenas temos de evitar o seu mau uso e os seus excessos."
René Descartes descreve o desejo como uma das seis paixões simples, definindo-o como “disposição para querer para o futuro as coisas que a alma apresenta a si mesma como convenientes”. Segundo ele, distinguem-se tantas espécies de desejos quantos são os objetos que desejamos. Existe, por exemplo, o desejo de conhecer, a curiosidade, que difere muito do desejo da glória, e este do desejo da vingança, e assim por diante. Para Descartes, os mais consideráveis e fortes desejos são os que nascem do agrado e do horror, sendo o agrado a atração que nos impele para aquilo que proporciona prazer e o horror a aversão ou fuga daquilo que nos provoca dor.O homem sábio é aquele que manifesta a um só tempo a vontade firme e a confiança de usar sempre a razão o melhor possível, bem como praticar nas suas ações o que julgar ser o melhor. A generosidade é a capacidade de reconhecer seu verdadeiro valor, consciência que tem de seu livre arbítrio e o domínio que exerce sobre a sua vontade, governando o desejo para só realizar o que for possível. O erro surge quando a vontade cede ao imperativo do desejo, recusando o concurso do entendimento, que lhe apresenta através das idéias claras e distintas o que é verdadeiro e falso.